Lygia Pape

Lygia Carvalho Pape (Nova Friburgo/RJ, 1927 – Rio de Janeiro/RJ, 2004)

Gravadora, escultora, pintora, diretora de cinema, designer, professora. Integra dois dos principais movimentos brasileiros de renovação do cânone construtivo europeu. Sua obra é pautada pela liberdade com que experimenta e manipula as diversas linguagens e formatos, incorporando o espectador como agente.

No início dos anos 1950, participa da formação do Grupo Frente com artistas como Ivan Serpa (1923-1973), Hélio Oiticica (1937-1980), Lygia Clark (1920-1988) e o austríaco Franz Weissmann (1911-2005). Nesse período, Lygia Pape trabalha sobretudo no registro da abstração geométrica, elaborando trabalhos com base na articulação de um rigoroso vocabulário concretista, interesses latentes em sua série de pinturas Jogos Vetoriais (1954-1956), que apresentam um jogo dinâmico entre linhas, quadrados e retângulos pintados sobre madeira. Em sua série de relevos Jogos Matemáticos (1954-1956), Pape adota o uso de tinta automotiva sobre madeira, evidenciando percepções de profundidade e cromaticidade de formas regulares ordenadas.

Única gravadora que integra o grupo Frente, sua série Tecelares (1955-1959), xilogravuras de tiragem única, é composta de rigorosas linhas concretistas, que contrastam com a naturalidade fluida dos veios e poros da madeira que permeiam a construção da forma. Com o domínio da técnica, Pape estabelece relações de ritmo abrindo espaço a fios e superfícies, que se relacionam e criam estruturas ambivalentes, o que já indica uma relação de contraste entre linha e luminosidade que se desenvolve a partir de outros suportes ao longo de sua obra.

Sua instalação Ttéia 1C (ca.2002) integra a exposição Making Worlds, da 53ª Bienal de Veneza, onde recebe menção póstuma e, desde 2012, pertence ao Instituto Inhotim, integrando a Galeria Lygia Pape, um pavilhão que ocupa uma área de 441 m2 dedicados à obra da artista. Bacharel em filosofia e voltada para as discussões vinculadas à cultura e as identidades nacionais, Pape torna-se mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com a dissertação Catiti catiti na terra dos brasis (1980). Leciona no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) de 1968 a 1970; na Escola de Artes Visuais do Parque Lage de 1976 a 1977; na Faculdade de Arquitetura Santa Úrsula de 1973 a 1989; e na Escola de Belas Artes da UFRJ de 1982 a 1999.

Em 2004, é fundada a Associação Cultural Projeto Lygia Pape, idealizada pela própria artista e dirigida por sua filha, a fotógrafa Paula Pape (1958). Em sua trajetória destaca-se a retrospectiva Espaços Imantados (2011/2012), apresentada no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri, na Serpentine Gallery, em Londres, e na Pinacoteca de São Paulo. Marcada pela experimentação e pela mutação, a obra de Lygia Pape propõe uma integração das esferas estética, ética e política, que fazem dela uma das mais importantes artistas brasileiras da contemporaneidade.

Fonte: Itaú Cultural.

 

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