Gilvan Samico

Gilvan José Meira Lins Samico (Recife/PE, 1928 – 2013)

Gravador, pintor, desenhista, professor. Dialogando com as anedotas bíblicas e míticas e a estética da literatura de cordel, Gilvan Samico representa a cultura popular brasileira com força expressiva e apuro técnico. Começa na pintura como autodidata. Em 1948, integra a Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), que tem importante papel na renovação da arte pernambucana. O objetivo dessa associação é criar um amplo movimento cultural na cidade, envolvendo áreas como artes plásticas, teatro e música e incentivando pesquisas sobre a cultura popular e suas manifestações. Em 1952,  funda, ao lado de outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife, centro de estudos de desenho e gravura, voltado para uma arte de caráter social e idealizado pelo gravador Abelardo da Hora . 

Viaja para São Paulo em 1957, onde tem aulas na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna (MAM) com Lívio Abramo. Dessa convivência, guarda a preocupação em explorar as possibilidades formais da madeira e o interesse pelas texturas muito elaboradas. Na década de 1950, passa a criar ritmos lineares, que se harmonizam perfeitamente na estrutura geral de suas obras. ua obra é marcada definitivamente pela descoberta do romanceiro popular, por meio da literatura de cordel e pela criativa utilização da xilogravura. O espaço de suas gravuras é povoado por personagens bíblicos e figuras provenientes de lendas e narrativas populares, além de muitos animais e seres fantásticos, como leões, serpentes, dragões. Samico relaciona a vasta presença dos bichos em seus trabalhos com os cenários de sua infância: “Eu vivia numa época de espaços abertos, habitados por bichos, muitas árvores. Convivia com esses espaços e com cobras, bois, cavalos, passarinhos, sapos… tudo isso passou a ser minha referência”. Na década de 1960, paralelamente à inovação temática, o artista passa a utilizar o branco com muita força expressiva.

A profundidade é pouco evocada em suas obras, que enfatizam a dimensionalidade, sendo as figuras representadas como signos, o que ocorre, por exemplo, em O boi feiticeiro e o cavalo misterioso (1963). Já a xilogravura Suzana no banho (1966) apresenta características formais que se tornam constantes na obra do artista: além das tramas gráficas diferenciadas, que conferem ritmo à composição, emprega a simetria e a compartimentação geométrica do espaço. Nos trabalhos da década de 2000, o artista simplifica a estrutura e a própria trama linear, adicionando motivos originários da arquitetura: arcos, rosáceas e molduras. A obra A espada e o dragão (2000), por exemplo, apresenta técnica apurada e uso muito criterioso da cor. Com contornos que vão do caráter mais noturno aos tons mais solares, Gilvan Samico realiza gravuras capazes de contar histórias, dialogando com a cultura nordestina e as referências míticas e bíblicas. A dedicação e o empenho do artista garantem um cuidadoso rigor técnico aos seus trabalhos.

Fonte: Itaú Cultural.

 

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