Carlos Scliar
Carlos Scliar (Santa Maria/RS, 1920 – Rio de Janeiro/RJ, 2001)
Pintor, gravador, desenhista, ilustrador, cenógrafo, roteirista e designer gráfico. Destaca-se por ser um dos pioneiros da arte moderna no Brasil.
Em 1934, tem aulas durante alguns meses com Gustav Epstein, pintor austríaco radicado no Rio Grande do Sul. Em 1939, viaja a São Paulo e Rio de Janeiro, onde entra em contato com o pintor Cândido Portinari. Em 1940, transfere-se para a capital paulista e realiza sua primeira exposição individual. Liga-se ao grupo Família Artística Paulista, com o qual participa da Divisão Moderna do 46º Salão Nacional de Belas Artes.
Como sugere o crítico e curador Roberto Pontual (1939-1994), a obra de Carlos Scliar parte da figuração, buscando uma ordem que permita “refletir transfiguradoramente o universo de seu contato diário e direto”. No início da década de 1940, Scliar produz, sobretudo, litogravuras e linoleogravuras, nas quais a transfiguração é influenciada por Portinari e pelo pintor e gravador Lasar Segall.
Em 1943, é convocado pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) para servir na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. De volta ao Brasil, atua em movimentos contra a ditadura Vargas (1937-1945), iniciando um período de intensa participação política. Retorna ao Brasil em 1950, instalando-se em Porto Alegre, onde permanece por cinco anos, e participa da fundação do Clube da Gravura de Porto Alegre. Entre 1951 e 1955, produz a série Estância, onde as paisagens rurais e a realidade humana são retratadas com a disciplina do olhar e o apego ao real imediato.
No final da década de 1950, começam a surgir os elementos da pesquisa em pintura que Scliar desenvolve entre as décadas de 1960 e 1990. Entre eles, a exploração da cor, o retorno da colagem, com a qual o artista entra em contato em sua estada parisiense, e o equilíbrio no arranjo dos objetos cotidianos. Segue-se daí vasta produção em guache e vinil encerados – ora em paisagens, ora em elementos da natureza-morta e colagens –, que se desdobra em diferentes experimentações.
Entre março de 1959 e julho de 1960, Scliar dirige o departamento de arte da revista Senhor, publicada no Rio de Janeiro, ao lado do pintor, desenhista e gravador Glauco Rodrigues (1929-2004), que assume a diretoria artística da revista a partir de agosto de 1960. Na revista, Scliar é responsável pela idealização de um projeto gráfico inovador, cujas soluções visuais conciliam a singularidade das matérias à identidade da revista, e representam um marco no processo de modernização do design gráfico em curso no país.
Na produção dos anos 1970, que persiste até os 1990, é marcante a introdução de palavras e, sobretudo, de segmentos verbais. Com isso, Scliar torna ambígua e complexa a relação entre figura-fundo, na qual, segundo o poeta e crítico Ferreira Gullar (1930-2016), demonstra sua assimilação particular do legado cubista.
Sempre à procura de novas formas de produzir, cria obras inicialmente de arte figurativas, passa a testar outros estilos e experimenta diversos tipos de suporte, destacando-se na gravura e na ilustração em papel. Carlos Scliar deixa um legado fundamental para a arte moderna no Brasil.
Fonte: Itaú Cultural.
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