Flávio Shiró

Flávio Shiró Tanaka (Sapporo/Japão, 1928)

Pintor, gravador, desenhista, cenógrafo. É considerado um dos principais nomes da pintura moderna no Brasil. Suas obras abordam contradições inerentes à arte contemporânea, como abstração e representação, objetividade e subjetividade. Chega ao Brasil, em 1932, aos 4 anos de idade, e se instala com a família numa colônia japonesa em Tomé-Açu, no Pará. Muda-se para São Paulo, em 1940, e passa a estudar na Escola Profissional Getúlio Vargas, onde conhece Octávio Araújo, Marcelo Grassmann e Luiz Sacilotto. Autodidata, começa a pintar em 1942, retratando inicialmente as paisagens da pacata São Paulo da época. Por volta de 1943, tem contato com Alfredo Volpi e Francisco Rebolo, integrantes do Grupo Santa Helena, e, em 1947, integra o Grupo Seibi. No ano seguinte, passa a trabalhar na molduraria do pintor japonês Tadashi Kaminagai, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.

Sua estadia na cidade carioca lhe rende bons frutos. Nas horas vagas do trabalho na molduraria, o artista pinta as paisagens do Rio de Janeiro. Em 1950, realiza sua primeira exposição individual, no diretório acadêmico da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), em que apresenta cerca de 14 telas. Um ano antes, em 1949, ganha a medalha de bronze no 55º Salão Nacional de Belas Artes, mas é o único premiado, pois não são atribuídas medalhas de ouro e prata. Com bolsa de estudo, viaja a Paris, em 1953, onde fixa residência, alternando estadias a cada seis meses entre Paris e Rio de Janeiro.

A partir da década de 1990, as fantasmagorias presentes até então deixam de aparecer em suas telas, que recebem nova chave cromática e já não trazem a relação entre pincelada e desenho tão marcada. Em 1990, é publicado o livro Flávio-Shiró, pela editora Salamandra. A exposição Trajetória: 50 Anos de Pintura de Flavio-Shiró é apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Mam Rio) e no Hara Museum of Contemporary Art, em Tóquio, em 1993, e no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), em 1994. Nos anos seguintes, continua suas experimentações artísticas, entre elas, o trabalho com a xilogravura.

Em 2008, por ocasião dos 80 anos do artista, o Instituto Tomie Ohtake promove a retrospectiva Flavio-Shiró, Pintor de Três Mundos: 65 Anos de Trajetória, com 250 obras selecionadas pelo curador Paulo Herkenhoff (1949).O curador atribui a Shiró o título de pintor transcultural, não só porque suas telas carregam as influências dos três mundos vivenciados pelo artista (o Oriente, a América e a Europa), mas também porque ele aborda temas caros à agenda internacional, como a guerra e os desastres ambientais, desde a década de 1970. Flavio-Shiró é um grande pintor, em constante busca por renovar seu fazer artístico. As figuras de suas obras tocam o real, porém preservando as dimensões do sonho e da fantasia, constituintes da vida. É, sem dúvida, um dos grandes nomes da pintura brasileira.

Fonte: Itaú Cultural.

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