Heitor dos Prazeres

Heitor dos Prazeres (Rio de Janeiro/RJ, 1898 – Rio de Janeiro/RJ, 1966)

Compositor e pintor. Importante nome da cultura popular brasileira, como músico, participa da fundação de grandes escolas de samba cariocas, como Portela e Mangueira. Descendente de negros baianos que migram para o Rio de Janeiro, retrata na pintura as rodas de samba, as favelas, os rituais de candomblé, os bailes e as festas populares, a partir de cenas do cotidiano da população negra no subúrbio da cidade.

Aos 20 anos, é conhecido como Mano Heitor do Cavaco e Mano Heitor do Estácio. Firma relações com compositores como Cartola e Paulo da Portela, compõe em parceria com vários sambistas e participa do início dos trabalhos e da fundação de escolas de samba como Mangueira, Portela e Deixar Falar (futura Estácio de Sá).

Na época, o Brasil busca afirmar sua identidade como povo moderno, e formas culturais nascem desse novo imaginário de país livre. O Carnaval e o samba surgem como criações fortes dos grupos sociais que habitam as favelas e os subúrbios. Referindo-se à região da Praça Onze e às festas na casa das tias baianas, Heitor dos Prazeres cria a denominação África em Miniatura, a Pequena África, que passa a gerar formas próprias de convívio. É também nesse momento que se definem as linhas principais daquilo que o mundo conhece como samba brasileiro. Firmam-se as rítmicas básicas, os timbres e instrumentos típicos e os modos de tocá-los. As primeiras escolas se fortalecem, e uma identidade do samba passa a ser partilhada. Surgem oportunidades de ganhar algum dinheiro com essa música, de gravar discos e experimentar o reconhecimento social.

Alcança o terceiro lugar para artistas nacionais na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951,  com o quadro Moenda, e ganha uma sala especial na 2ª Bienal Internacional de São Paulo (1953). Cria ainda cenários e figurinos para o Balé do IV Centenário da Cidade de São Paulo, no ano de 1954. O diretor de cinema Antônio Carlos Fontoura produz em 1965 um documentário sobre a obra de Heitor dos Prazeres. Em 1999, é realizada mostra retrospectiva no Espaço BNDES e no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), ambos no Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário de seu nascimento.

Vivendo em uma época de grandes definições para a sociedade e a cultura brasileira, Heitor dos Prazeres atua nessas transformações, ora participando ativamente na formação do samba, ora registrando em suas telas a população periférica, seu cotidiano e costumes, e consagra-se como artista popular brasileiro tanto na pintura como na música.

Fonte: Itaú Cultural.

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